Livros: Resenha - A Guerra dos Tronos




Nome: A Guerra dos Tronos

Autor: George R. R. Martin

Editora: LeYa

Páginas: 592

Classificação: ★ ★ ★ ★ ★  | ♥

Sinopse: [+]



Encontrar um livro que crie um universo paralelo e faça os leitores se envolverem é fácil. É fácil se encantar com o herói ou com o vilão, é fácil amar os obstáculos que o herói enfrenta sem nunca sucumbir. Mas e quando o livro não tem mocinho ou antagonista? George nos faz entrar nesse universo dos Sete Reinos de forma magistral, carregando As Crônicas de Gelo e Fogo pro mesmo nível de Senhor dos Anéis.
A Guerra dos Tronos é o primeiro dos sete livros das Crônicas, apesar de terem sido lançados apenas cinco. Ainda que não tenham personagens principais, a história gira em torno de três personagens e sua escalada a seus objetivos: Jon Snow na Muralha, Tyrion Lannister em Westeros e Daenerys Targaryen em sua tentativa de recuperar o que era de sua família: o trono.
Nos livros, cada família tem sua característica e seu lema. Logo quando li, lembrei das casas de Harry Potter, e assim ficava muito mais fácil de associar. É imprescindível ser entendido o conceito de cada família, pois assim definem-se os personagens (apesar de algumas exceções). Vamos as principais.

Casa Lannister: "Ouça-me rugir." Extremamente ambiciosos e ligados ao poder. Seu principal representante é o leão.



Casa Stark: "O inverno está chegando." Honra é a palavra que os define. Seu principal representante é o lobo.



Casa Targaryen: "Fogo e sangue." Os membros dessa família tem por característica principal o orgulho. Seu principal representante é o dragão.



A partir dessas três famílias a história se desenvolve. Apesar do rei não ser de nenhuma das três famílias maiores, seu personagem é transformado em secundário ao longo da obra, restando-nos a certeza que a guerra dos tronos ficaria entre essas três casas. Originalmente, o trono pertencia aos Targaryen, com sua loucura característica da família. Com a ajuda de cavaleiros, Robert Baratheon encabeça uma revolução que tira a família do poder, tornando-se assim o novo rei e "Usurpador". Cersei Lannister é a mulher de Robert, o rei, e domina-o inteiramente. O homem tem uma amizade de infância com Eddard (ou Ned) Stark e o carrega para o reino, sendo sua Mão (uma espécie de primeiro-ministro), que, por sua vez, acaba tornando-se um dos personagens principais do livro. Senhor de Winterfell, um dos maiores castelos dos Sete Reinos e considerada a capital do Norte, o personagem mostra-nos o tempo inteiro como conseguiu tudo o que possui: pela honra. Ned é o maior exemplo de herói do livro, atacando seus inimigos e procurando o tempo todo ser honesto quanto ao poder. Enquanto isso, do outro lado das terras, Daenerys Targaryen cresce com seu irmão Viserys Targaryen, sendo maltratada e vendida como prostituta para um dothraki, homens que viviam sem leis. A partir disso, seu novo marido (ou dono) decide tomar Westeros para ela, como forma de vingança pela sua família.
Além da disputa pelos reinos, outra história também entra como principal: o bastardo Jon Snow que vai para a Muralha, e os "Outros", que são basicamente zumbis compostos de gelo. As pessoas destinadas a lutar contra eles são os Patrulheiros da Noite, grupo que Jon faz orgulhosamente parte. Composto por criminosos, os Patrulheiros protegem os Sete Reinos de toda invasão externa e contra os selvagens, grupo de pessoas sem família ou casa que estão dispostas a tomar o trono.
Uma das coisas que mais me chama atenção no livro é o narrador personagem, mas o inovador não é isso: A história é narrada com os PDV (Ponto de Vista) de várias partes do reino. Isso ajuda e muito ao que já falei aqui: o livro não possui heróis e vilões. A família Lannister seria a mais odiada pelos seus atos de ambição, entretanto as partes narradas por Tyrion (o anão e rejeitado da família) nos mostra que todos ali tem uma razão para o que fazem. A Stark seria a coadjuvante, numa briga que seria claramente entre Lannisters x Targaryen ao trono, mas as reviravoltas da trama nos deixam tão surpresos que eles acabam tornando-se uma das principais famílias, senão a principal. Tem mais personagens narradores (Bran, Arya, Sansa e Catelyn), além de serem os "coitadinhos" do livro. Já os Targaryen são provavelmente os capítulos mais esperados. Daenerys conquistou a simpatia de muita gente que o leu, especialmente por considerar nela a força e a sagacidade características de uma rainha. Ao longo da obra percebemos sua coragem e sua audácia em enfrentar um mundo onde ela é a ameaçada (e lembrando a todos que a garota tem apenas 13 anos).
Apesar do reino ser fictício e da história ser erradamente considerada como "juvenil ou adulto", Guerra dos Tronos não nos deixa fora de nenhuma desgraça. Há estupro, incesto, assassinato, roubo e muitas, muitas, muitas mortes. George não poupa-nos de nada que acontece em uma sociedade medieval (e hoje também), trazendo-nos um livro que bate na nossa cara o tempo inteiro. O seu posto de "matador de personagens favoritos" não é mentiroso.


Os marcadores simbolizam as mortes que aconteceram em cada livro. Assustador, não?


O autor tenta nos mostrar o tempo todo esses crimes como coisas normais. O incesto que acontece entre Cersei e Jaime Lannister e que sempre ocorreu entre a família Targaryen (uma estranha referência de Hitler e sua raça ariana) é considerada no livro como desgraça, mas relativamente banal devido ao envolvimento dos reis Targaryen e suas irmãs. Um dos pontos altos da série de livros é a sinceridade crua de George - levando-nos a perceber que todas as crueldades ainda ocorrem hoje, mas de forma menos escancarada.
Além do incesto, o adultério é algo muito recorrente nas obras. Jon Snow, por exemplo, é filho de Ned Stark com alguma mulher desconhecida - por isso seu sobrenome não é igual ao de nenhuma das outras famílias. Ao longo da trama, nos são apresentados mais e mais bastardos, inclusive a família do rei, os Baratheon, são supostamente originados de um bastardo dos Targaryen. 
Apesar da descrição por vezes maçante que acontece nos livros, George consegue nos cativar de uma forma que poucos livros conseguem. Com seus personagens com características reais e muito nossas, a história se desenvolve de forma rápida e dinâmica, nos deixando curiosos em relação ao próximo capítulo. Os ápices são cortados, deixando-nos frustrados, porém cada vez mais curiosos. O autor foge da realidade apenas em duas criações: Os Outros e os dragões dos Targaryen, mas deixa o livro mais interessante e com um toque de ficção que acrescenta vários pontos ao livro.
Depois do lançamento do livro, a HBO adquiriu os direitos e produziu uma série de TV a partir da história. Mudando alguns poucos pontos, Game Of Thrones não nos decepciona - nem com a escolha dos atores, nem com a irrealidade em relação a obra. Mesmo para quem lê, é ótimo ver os acontecimentos apontados no livro diante dos seus olhos, recriando a maneira como se pensava e como se entendia. Recomendo bastante.


Da esquerda para a direita: Khal Drogo, Daenerys e Viserys Targaryen, Jaime, Joffrey, Tyrion e Cersei Lannister, Petyr Baelish, Robert Baratheon, Sansa, Catelyn, Arya, Robb e Eddard Stark, e Jon Snow.

Diferente de outras sagas que li, Guerra dos Tronos parece não ter um ponto fraco. A história se encaixa, os personagens correspondem nossas expectativas e parecem cada vez mais conosco, com falhas e acertos. A invenção de um outro mundo e outro reino só fez acrescentar, caracterizando uma obra de ficção com traços reais. Para quem gosta do gênero, o livro é excelente e cativante, fazendo o leitor não querer parar de ler por um minuto. Entretanto, tenho um aviso: Não se apegue a nenhum personagem do livro. É mais do que possível que o George o mate, ou pior: o deixe sem cabeça. Hahahahaha.

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